O Amor nos Tempos do Cólera

“O Amor nos Tempos do Cólera” é um romance do renomado escritor colombiano Gabriel García Márquez, publicado em 1985. A obra narra a história de amor entre Fermina Daza e Florentino Ariza, que se estende por mais de cinquenta anos. Ambientado em uma cidade caribenha no final do século XIX e início do século XX, o romance explora temas como amorpaixãofidelidade e tempo. García Márquez utiliza seu característico estilo de realismo mágico para tecer uma narrativa rica e envolvente, onde o amor é retratado em suas diversas formas e nuances. A história começa com a morte do Dr. Juvenal Urbino, marido de Fermina, e segue com a tentativa de Florentino de reconquistar seu amor de juventude. “O Amor nos Tempos do Cólera” é uma celebração do amor duradouro e da persistência, e é considerado uma das obras mais importantes da literatura latino-americana. Este livro é essencial para quem aprecia histórias de amor profundas e complexas.

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Apresentando um Trecho do Livro

“Era inevitável: o cheiro das amêndoas amargas lhe lembrava sempre o destino dos amores contrariados. O doutor Juvenal Urbino percebeu assim que estava acordando de um sonho, e que o sonho era a memória de uma segunda-feira de Pentecostes, em que ele entrou no quarto escuro e ainda quente, e viu a mulher mais bela do mundo, nua na cama, com um lenço de cambraia no pescoço, e um fio de sangue saindo da narina esquerda. O cheiro das amêndoas amargas estava impregnado no quarto, e ele não teve que fazer nenhum esforço para reconhecê-lo, porque era o mesmo cheiro que sentira tantas vezes nos quartos dos suicidas.

— É cianureto de ouro — disse.

O médico que o acompanhava, um jovem recém-formado, não entendeu. Ele se aproximou da cama, examinou o cadáver com um olhar clínico, e disse:

— Ela está morta há mais de uma hora.

O doutor Juvenal Urbino não respondeu. Estava de pé, com a cabeça baixa, os olhos semicerrados, e o chapéu de feltro cinza nas mãos, e parecia estar rezando. Mas não era verdade: estava recordando. Recordava a tarde em que conheceu Fermina Daza, a mulher de sua vida, e a viu pela primeira vez no mercado público, comprando legumes. Recordava o instante em que se apaixonou por ela, e a viu pela primeira vez na janela da casa de seu pai, e a viu pela primeira vez no altar da igreja, e a viu pela primeira vez na cama, e a viu pela primeira vez nua, e a viu pela primeira vez morta. Recordava, enfim, o momento em que compreendeu que o amor era um sentimento contra o qual não se podia lutar, e que a única coisa que se podia fazer era vivê-lo até o fim.

— Vamos embora — disse.

O jovem médico o seguiu até a porta, e perguntou:

— O que vamos fazer agora?

O doutor Juvenal Urbino pôs o chapéu, e respondeu:

— Vamos viver.”